segunda-feira, 25 de junho de 2018
quarta-feira, 6 de junho de 2018
domingo, 22 de abril de 2018
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
ENTRELINHAS
um livro
essa mistura de música
essa mistura de música
e mistério redivivo na
nervura das palavras
larvas escorrendo em
miniaturas de gelos
quebrados ao viés
das papoulas sorridentes
em tempos idos
de livros lidos
por uns olhos de sonolenta
procura
em achados de saber do
caminho que ria
tragédias
para mostrar o obsceno
para mostrar o obsceno
das verdades caídas no
chão do palco lambuzado
de vidas
via de caminhos tão
opostos
um livro
um livro
às vezes tão de vidro que
nos vemos nele refletidos
às vezes tão sem capa
expondo nossa carne retalhada
nossa alma enfermiça
culminando em pedaços de
alegrias revestidas
de sobre-humana carcaça
FOTOGRAFIAS À LUZ DA ESCURIDÃO
parei para ver o menino
que andava sem pernas sobre
uma passarela
de espinhos que lhe davam voltas
nas costelas seu olhar desabrigado
compondo cuidados
com o mundo
atolado em guerras de salivas desconcertantes
babas ocas pingando-lhe dos ouvidos
quadrados sonhos derretidos em granadas
de açúcares mascavos
percorriam
suas entranhas de estranhas metralhadoras
a pipocar-lhe os sonhos nem nascidos
ainda lembrança vaga de um tempo
em que corpos não
voavam como pássaros estilhaçados pelo ódio
de olhares baços de ambição parei para ver
o menino sem pernas e quis emprestar-lhe
minhas mãos sem dedos e ele me ofereceu
suas pernas sem chão e eu voei
despregada
dos medos amansado o
coração das feras
de tição a atordoar-me o peito parei para ver
o menino sem pernas
... e são.
CONFLUÊNCIAS
Um pedaço de sol
rolou por entre meus
dedos cortados
do verde das árvores
voantes pelo chão
de algodão
na aspereza de caminhos
empapados de suor
molemente escorridos
pelas fendas da vida que
eu supus
ser
o dia do juízo final do
bom senso pendurado no peito
suspenso
entre dois pregos pegos
de surpresa
ante a impossibilidade da
noite
acordar
de sua letárgica alegria
adversária das planícies
as mais inexistentes
dentro do caos perfeito da ordem
e do progresso
de um cenário encharcado
de sons
inaudíveis
amplexo abrangente da
última agonia de um palhaço
errante
pelos picadeiros da ostra
arrancada da pérola
vesga de paz nos lamentos
risonhos
de mares envolvidos de
ventos um pedaço de sol
rolou por entre meus dedos
amassados
de tempo e o que vi não
tem voz
e o que ouvi não tem
imagens só as margens
se abrindo para um rio
que não tem águas a fonte
secando roupas de gente
vestida de oceanos
tsunamis
tufões
vulcões ingerindo ossos
frutos
a sabor de carne nascidos
de um pedaço de sol por entre meus dedos
adormecidos
.......e só
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
FOI BONITO
Se eu te encontrar num desses
acasos
que a vida, caprichosa, faz
acontecer,
não fugirei de mim.
Firme como um cedro do Líbano
enraizado
em águas caudalosas,
uma vez mais, vou te olhar.
Sei que verei estrelas se
acendendo em teus olhos,
a lua gotejando poemas,
o sol aquecendo o frio do
corpo,
canções cifradas de diademas,
o amor − feliz − cicatrizado
nas cinzas do fogo.
Naquele instante, saberei que
tudo é mesmo impermanente.
Fragmentos de desejos.
Que tudo foi um estar
ausente,
uma presença fugidia,
um alcançar inatingível.
Que tudo foi tão breve, mas
bonito.
Porque naquela duradoura
brevidade,
houve lampejos do infinito.
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